2 de dezembro de 2013

A(s)cender.



Sentir, 
o desprezo me fez sentir, agora,
o oposto do que eu sentia.

Chorar,
amargar o pranto de não ter,
entalar o canto, mesmo em 
tanto querer.

Derrubar os muros, saltar.
Encontrar atalhos, trilhar.
Saciar a sede, gozar.
Desfrutar do gosto voar.

Entoar o grito,
sufocar o desgosto.
Encontrar a ponte, alcançar
a onde,
ninguém sabe pr'onde começar.

Olhar no alto,
na janela acima, clarear.
Uma fagulha surgir, uma centelha cair,
aqui no chão reluzir, afoguear.

E quando tudo parar,
em que mundo, entrar.
De que lado ficar, seguro.



(Júnior Vilas Bôas)

25 de outubro de 2013

A Inebriante Arte Onírica




Foi no sonho, estavam todos os amigos presentes. Uma singela comemoração de um aniversário, dentro de um quarto, no início não, mas pouco tempo depois percebeu-se que já conhecia tal aposento. Ornamentação barata, laços de fita, bexigas de toda cor. Ansiedade traduzida pelas batidas aceleradas do coração, garganta seca e suor nas mãos, tudo pela espera da aniversariante. É chegada a hora, ela apareceu! Primeiro um convidado, depois o segundo... Você, o terceiro. Não fazia a menor ideia do que desejá-la por completar mais uma primavera, entretanto, tinha muito a dizê-la. Agindo como sempre, ela tenta evitar a aproximação, o contato físico – por medo, pudor ou qualquer outra razão – ia abraça-lo rapidamente, mas o que se viu foi uma espécie de rede que aprisionam borboletas, formada pelo par de braços que tanto a desejava. Tentou disfarçar, encontrou as palavras convencionais para saudá-la com paz, felicidade e muitos anos de vida, mesmo sabendo que a felicidade estava estampada naquele momento, pois desejara a eternidade, ali, envolto nos braços da amada. Terminada sua fala como convidado para um aniversário, permaneceu o silêncio do amante. Segurou-a em seus braços por mais tempo, deixando claro que a queria ali por alguns minutos. Continuava incapaz de traduzir em palavras o que ansiava em dizer naquele momento, mas foi ajudado pela comunicação dos corpos em contato. O silêncio foi sincero, o olhar esclarecedor. Ela apenas entendeu e aceitou o que já sabia, não era novidade o seu interesse, mesmo tratando-o como culpado por sentir e alimentar aquele sentimento. Todos esperavam, ele não percebia, não enxergava nada mais ao seu redor, ela envergonhara-se, não sabia ao certo como reagir. Primeira tentativa, ela desvia, ele teme a rejeição, um aperto no coração. Todos os outros presentes soltam aquele “uhhh”, como uma torcida num estádio, depois que a bola passa beijando a trave. Vem a segunda tentativa, ela deixa aparecer um sorriso de canto, demostrando timidez, a “torcida”, entusiasmada, grita como empurrando o time pra frente, ele respira, mantém a calma, sabe que não pode desperdiçar aquele momento. Não abraça a euforia dos outros, entende que pra ele vale muito, é a ponte para a eternidade. Então, levanta a cabeça, olhos nos olhos, sua vista confusa por ter os olhos marejados, passam um tempo até se conectarem através do olhar, os corpos recebem o sinal. O “estádio” antes cheio, agora está vazio, o tempo parou, os lábios se tocaram, o beijo aconteceu. Por dentro, o coração sentindo o pulsar da vida, assustava-o. Terminado o beijo, olhou-a, sorriu, uma lágrima escorreu. No peito, algo continuava a sufocá-lo... Acordou...

Foi no sonho.




(Júnior Vilas Bôas)

PS: A escrita do texto, juntamente com a postagem, foi acompanhada pelo som do novo Cd de Humberto Gessinger, Insular. Fica a dica musical!

2 de outubro de 2013

A arte de errar.



As imprecisões estão mais do que consolidadas nas ações humanas, do que podemos imaginar. Construímos e desconstruímos coisas em questão de segundos. Acertar o alvo com a flecha, pode, no final das contas, quando nada o ajuda, ser mais fácil - do que obter todas as variáveis condicionadas à favor.

Construir um cenário, criar uma oportunidade, nos torna muito mais vulneráveis, evidencia nossas fraquezas, obrigando-nos sempre a ponderarmos as questões. E, como percebemos, ponderar, não necessariamente, é o que preferimos. Surge nesses momentos, a necessidade emergencial da procura por aliados, que sejam capazes de esclarecer algumas dúvidas e encorajar-nos.

Buscamos informações apenas para frear a mente, esta última, por sua vez, tem como característica inata, trabalhar por si mesma. Enxergar detalhes, ler as entrelinhas, notar as mudanças indesejadas. Quando desmentidas, o peito pulsa, aumenta-se os batimentos, a coragem eleva-se. Precisa-se de pouco para impulsionar os desejos de busca. Nossas vontades precisam de uma pequena faísca para incendiar.


São simples tentativas,
cenários complexos
vontades vorazes
desejos dinâmicos
imprecisas interações


A mente inquieta torna-se uma vilã ao simples ofício da escrita. Ser o coração e não o cardiologista evidencia as dificuldades em buscar entendimentos e traduções, quando se espera transbordar a folha com inúmeros caracteres, na ânsia de que suas palavras, até então, não ditas, possam encontrar, ao menos, o caminho dos olhos.


(Júnior Vilas Bôas)

6 de setembro de 2013

O (Des)encontro.



Tudo é física,
e o resto é poesia.
O que sobra é prosa,
e o que não cabe, fantasia.

A lágrima que escorre, molha,
do terreno seco brota, um alimento,
um simples sentimento que não existia.

O desencontrar reforça a certeza da procura.
Objetiva a atenção dada ao desejado, 
nutre o imaginário, reacende a busca.
Traz consigo a calmaria, perdida,
no simples ato do encontrar.


(Júnior Vilas Bôas)

8 de agosto de 2013

Moderno como um relógio antigo.




Acho muito interessante quem consegue relacionar vários fatores em suas obras, sejam elas, músicas, livros, filmes, ou qualquer expressão artística. Muito me admira os músicos, principalmente, que conseguem trazer junto às suas músicas, referências literárias. Confesso que tal fato seja fator determinante, para que eu me considere um fã, e assim, aprecie sua genialidade.

Não querendo ter a pretensão de comparar-me àqueles que me refiro como fã, mas sempre que escrevo, busco trazer inerente às palavras algo que tenha visto-ouvido-lido por aí. É algo que realmente me encanta. Saber que as coisas não estão sozinhas no mundo, que tudo pode ser relacionado.

Seja relacionando o segundo com o oitavo disco lançado por sua banda favorita, ou comparando autores literários, ou até mesmo, fatos históricos ocorridos no mês ou ano de nascimento [RS]. Parece loucura, mas...deve ser mesmo.

O que busco com isso? Boa pergunta! duvido que sejam apenas respostas.

Os dois últimos filmes que assistir, juntamente com o meu último livro digerido, ainda estão frescos na minha cabeça. Os filmes "Amour" e "Perfume de Mulher", são muito intensos, fortes, em seu desenrolar. Um conta a cumplicidade de um casal, que enfrenta um mundo cruel com aqueles que não mais "fazem a roda girar", porém, temendo o abandono e a separação, usam do sentimento nutrido um pelo outro, como uma arma para enfrentar seus medos e dúvidas. No outro, um homem acostumado às mazelas do mundo, consegue ter a sensibilidade para enxergar, mesmo sendo cego, a pureza e a força de um sentimento, por muito não compartilhado, protegendo-o, ainda que de forma rude, assim como um espinho protege uma rosa. Quanto ao livro, a obra clássica de Albert Camus, "A Peste", mostra a mudança na vida cotidiana de uma cidade atacada pela peste.

A dúvida no amanhã, e a dor de um passado, muitas vezes, não resolvido. Em todos eles, assim como nos sentimos quase sempre, somos reféns do tempo e dos caminhos trilhados. De escolhas acertadas ou não, pouco importa. O não tentar continua ferindo mais que uma decisão errada no final das contas, quando o tempo passa e, a ampulheta não possui mais areia na sua parte superior.


Cantarei,
canta-lo-ei meu verso
minha sina, em ser
um cantador.



(Júnior Vilas Bôas)

9 de julho de 2013

A linha que me leva.



Já havia levantado a questão da teoria dos 6 graus, que discorre sobre a proximidade das pessoas de todo o mundo. Fala sobre a distância média entre essas pessoas, sobre as chances de se conhecerem. Mas qual a  chance, em média, dessas mesmas pessoas, em se interessar pelas mesmas coisas? Calma! Não vai ser um texto técnico, com análises estatísticas...são apenas reflexões. [rs]

"todo mundo é uma ilha"

Apenas o que está guardado em pensamento é o que realmente nos pertence. O restante, pertence ao mundo, ao outro, ao todo. Na maioria das vezes, deixamos de perceber situações semelhantes a que estamos passando, exatamente, por não compartilharmos os pensamentos. Quando o fazemos, cresce a chance de identificar uma extensão no outro, e logo em seguida, notamos que tudo é comungado, e nenhuma sensação ou situação é única.

Por quantos exemplos de "ser ideal" cruzamos pela rua? E quantos dizem o mesmo de você? Não se sabe, nada é dito. As opiniões, as semelhanças, tudo isso liga as pessoas, constroem amizades, criam os laços. Quanto de nós é sabido pelos amigos? Quanta sinceridade (em média), é exigida no "livro de ética da amizade", para que a mesma seja verdadeira? (Ops, devaneios...rs) Quanto do outro foi passado para formarmos nossas opiniões a seu respeito? Quanta verdade ou lucidez, tem na linha que separa a mente, da caneta que desliza sobre a folha em branco?


Acredito que o principal conceito de amizade seja: o quanto você sabe do outro. Se for permitido quantificar, acredito que seja isso que meça.

Será que a lei dos 6 graus nos permite ser otimistas quanto aos compositores/escritores, que com suas obras fazem o papel dos amigos? Compartilhando experiências, nos dizendo como reagir ou pensar, em certos momentos, que, seja lá por qual força, se assemelham?

"Em que tronco encontro talhado o meu nome e o teu?
Em que sonho eu sonho o meu sonho igual ao teu?"

As músicas e os livros servem como pontes, ligando pessoas, situações, cenários e experiências. Da necessidade dos escritores e compositores em cuspirem suas artes, de torná-las do outro, unem-se diversas mentes mundo afora. A obra (arte) do outro, muitas vezes, reflete com facilidade tudo o que você quer exprimir, porém, o sol não rompe a banca, não traz à tona suas ideias. A sensibilidade do artista à serviço do outro, como uma extensão de si mesmo e vice-versa. Um interlocutor que se aproxima desafiando às distâncias físicas.

"Eu tenho muitos amigos
tenho discos e livros
mas quando eu mais preciso..."

Pessoas, músicas, livros...bem, escolham suas armas, monte seus exércitos, encontre seus aliados. A guerra já está aí, não se sabe seu fim ou início.




(Júnior Vilas Bôas)




PS: Dicas de músicas e livros são sempre importantes, então lá vai: 
Nescafé - Apanhador Só
De fé - Engenheiros do Hawaii
Apenas um rapaz latino americano - Belchior
A Peste - Albert Camus

9 de junho de 2013

Medo d'Mar



Tenho medo do mar,
da sua imensidão. 
Tenho medo do mar,
de não saber nadar.

Tenho medo das ondas, 
e da variação de humor
refletida no movimento das marés.

Tenho medo de mergulhar
e de como vou reagir, 
ao conhecer tua vida marinha.
Tenho medo dos mistérios
e do tesouro que vou encontrar.

Procuro um barco,
para com ele navegar.
Num mar sem ondas
com o vento à favor, navegar,
por entre teus mares,
além mar.





(Júnior Vilas Bôas)

3 de junho de 2013

Qual a lógica do sistema, razão-loucura?




Não pretendo entrar no mérito de uma discussão entre a emoção e a razão. Permito-me, apenas, mostrar uma preferência, ou uma busca, por ações racionais. Há muito, deixei para trás o, intrépido, ímpeto juvenil por uma postura mais condizente com minhas características e maneira de ver/pensar o mundo.

(*) Bem, não é uma receita ou forma pré-fabricada de pensar. Não estou ditando fórmulas, nem garantindo que, com a minha forma de enxergar as coisas, esteja eu, certo ou errado. Cada um pensa a própria vida à sua maneira.

A razão entrou em questão, mais uma vez, depois que assistir o filme: Deus no banco dos réus (God on trial), onde fica marcado intrinsecamente a capacidade humana em manter-se fiel à razão, mesmo em situações contrárias, as quais exigem que sejamos nada mais que animais selvagens lutando pela sobrevivência.

O filme nos mostra a história, que muito se diz ser verídica, de um julgamento em pleno campo de concentração em Auschwitz. O tribunal era formado por judeus, que exerciam diferentes atividades antes de serem aprisionados, seja um rabino, um físico, um da área do direito, um fabricante de luvas, entre outros. Em meio a toda aquela atmosfera enlouquecedora, resolvem "julgar" Deus, alegando que o Mesmo havia quebrado o pacto firmado com os "Filhos de Israel". E entre aquelas paredes, que guardavam todo o terror do Holocausto, uma única dúvida: Deus, inocente ou culpado?

A capacidade do homem de se refazer depois de alguns traumas, ou de manter-se forte diante de certas situações atípicas, desafia qualquer entendimento lógico. No caso do filme, o julgamento pode, também, ser interpretado como uma válvula de escape perante toda aquela loucura vivida ali dentro. O que seria contrário ao que se entende por uma razão.

"Qual é a utilidade da razão,
neste mundo gerido pela loucura?"

Como não pensar numa atitude costumeira, a qual seria, ali, naquele ambiente, todos começassem a rezar e pedir que Deus intercedesse por suas vidas? Entretanto, de alguma maneira, eles fazer o que não era esperado, questionam-o. Buscam respostas sobre o acordo, se os teriam abandonado à própria sorte.

A razão pode ou não estar agindo diante de tais acontecimentos, porém, nota-se que a mesma está atrelada à loucura. Os dois lados da moeda, não permitindo que se distancie. Vivendo em pares, buscando explicações, um explicando o outro. O calor e o frio, luz e sombra, a noite e o dia...

A loucura que gera a razão, usa a racionalidade para tentar entender a loucura presente no mundo.


PS: Querem saber o resultado do julgamento? Pois bem, devem imaginar que vou pedir para que vocês assistam. Uma coisa eu digo: Vale muito à pena!!



(Júnior Vilas Bôas)

3 de maio de 2013

É o que se vê.





Olhar em volta, enxergar o mundo, identificar os problemas que nos cercam, continua sendo, ainda, muito mais fácil do que olhar para dentro. Para algo que está logo ali, sem precisar dar um passo. Dar conselhos é mais simples que tomar decisões. Não que, pelo fato de ser para os outros, iremos negligenciar os problemas. Apenas, é mais fácil lidar com as coisas de fora, sem estar no centro do furacão.

Continuo percorrendo meu caminho, seguindo por muitos lugares, em várias velocidades, entretanto, parece que não saio da frente de casa. Analiso a vida através de uma janela, onde por mais que eu olhe, nada vejo, apenas imagino. Penso, sinto, desejo...
A sensação é semelhante a de um artista pintando o mesmo quadro, alegando buscar, a melhor maneira de visualizá-lo.

Os benefícios da leitura são identificadas, a infância bem vivida também. A facilidade em criar personagens que protagonizem tais histórias são acertos precisos no momento. Nem todos obtiveram sucesso em suas buscas, assim o diga o grande Cavaleiro sem Espada, que teve seu coração vencido por sua razão, desistindo de sua peleja. Agora, dá lugar ao fantasioso Caçador da Borboleta, que passa os dias hipnotizado com a perfeita simetria e encanto das asas da Borboleta. Seu voo não é longo, é mágico.



(Júnior Vilas Bôas)


24 de abril de 2013

Um plano já, planejar!


Não há como planejar a maioria dos encontros na vida, é claro! como também, não é possível programar as oportunidades, acredito que todos estejam de acordo. Logo pela manhã, um encontro inesperado, já à noite, mesmo forçando uma chance de um reencontro, bem...foi em vão. Ainda que com uma pequena ajuda imposta pelo destino, não, não foi aproveitada.

Estive presente em uma reunião recentemente, e um dos palestrantes proferiu a seguinte frase: "quem planeja tem futuro, quem não planeja, tem destino". Acredito que a frase se encaixe bem no pensamento de hoje. Porém, ainda precisa-se questionar em quais âmbitos da vida podemos aplicá-la. É pertinente, é necessário! Profissionalmente, sem dúvida, o planejamento está inerente a qualquer atividade bem-sucedida. Já nas relações pessoais, imagino que não podemos contar com a mesma certeza. As palavras fogem, os desencontros aumentam, pessoas mudam. Não adianta buscar macetes, fórmulas prontas nessas relações, você não as encontrará. São sempre equações inexatas.

Ser surpreendido pode ser considerado um ponto positivo para aqueles que não programam a vida (ou tentam). Pode tornar a ação mais rápida, as palavras podem passear com mais facilidade por esta imensa via que é a "mente-boca". Sem dúvida é a minha "infinita highway", como diria Humberto Gessinger. É o caminho mais longo que percorro todos os dias. Mas estamos sempre correndo riscos, correndo atrás do horizonte. É nessa longa estrada que o planejamento pode se perder, quase sempre se perde. Fica no caminho, pois quem pode garantir ao certo onde se queria chegar, quando pegou a estrada? Do mesmo modo, caso se tenha certeza, qual a diferença? É inútil! Como já havia dito, não há fórmulas prontas. O planejamento se perde, tudo fica à mercê, suspenso no ar, em órbita.

Se ao menos tivéssemos a certeza de que o planejado pudesse dar certo...



(Júnior Vilas Bôas)

10 de março de 2013

À frente.



Todos caminham com pressa, buscando o que não têm, querendo ser o que ainda não são. Uns encontram, outros se perdem pelo caminho. De tal modo, caminha a sociedade, que diria eu ser atual, mas temo que quando tomei consciência de tal fato, já possa ser tarde demais. O tempo passou, alguma geração pós-algumacoisa, se formou. Obsolescência programada, também, para o pensamento.

Continuamos passageiros, onde na maioria das vezes, não tomamos nossas decisões, e, acabamos levados pela corrente. É um detalhe, a vida é a soma deles, ou também, uma coleção de desencontros. Posicione-se, essa é a questão. Não escolher o lado também é uma escolha, mas não aceitar as consequências, não.



Um passo à frente,
um passo avante;
ainda que em falso, 
um passo.



O tempo passa e deixa impresso suas incertezas. Se todos os caminhos escolhidos e percorridos mostram a direção a seguir, ou se ainda continuam a ludibriar às ideias. Ainda assim, movendo-se é que saberemos ao certo o resultado de nossas escolhas. É lógico, só podemos julgar um caminho, a partir do momento que conhecemos outro. E nessa diferença de tensão, que a vida se move, a engrenagem gira, passando movimento para outra, e outra...

Algo grandioso é esperado para aquele que tem o grito guardado. No existencialismo vemos que a decisão tomada não é apenas aquela que afeta a individualidade, mas a que julga-se correta para todos os homens. É um pensamento esclarecedor para aquele que teme o resultado de suas atitudes até então, visto que ainda possui tempo para realizar algo que mude completamento o roteiro de sua vida, tomando um rumo que o satisfará por completo.

A vida é cíclica, o tempo é longo para quem vive, e curto para quem a deixa passar. O mundo gira, a vida se faz...




(Júnior Vilas Bôas)

16 de fevereiro de 2013

A história se repete.




O resultado da insônia é inversamente proporcional ao estado físico. O corpo certamente sentirá as consequências durante o dia, cansaço, moleza, aquela imensa vontade de nada fazer. Porém, é um período de extrema atividade e inquietação mental.

Algo se repete, entre pensamentos e sonhos que me fazem pensar, volto a dizer que mudei de livro, mas a história é a mesma. Quase tudo é igual, mas as diferenças me encorajam ainda mais. O sentimento se expande, toma conta do corpo, anseia sua saída. Quer vir à luz! No desencontro uma certeza: de que, com um sorriso no rosto, faz o encontro valer a pena.

O corpo que abriga uma mente inquieta, quase sempre, não responde. Vive em descompasso, de lado, calmo, andando sempre devagar. Não tem pressa para ir aonde deseja, imagina-se que seja para equilibrar as forças no seu mundo. Duelo entre mundos, físicos e o das ideias, põe à prova toda a Metafísica, mas castiga o corpo, enfraquece a física.

Tudo sempre é novidade, não tem um padrão. A cada dia uma surpresa, sempre uma sensação diferente, uma distração. Um aparte que virou rotina em toda produção textual, deixa ela passar, e observa, mas não se demora.

A cabeça pensa, o corpo sente,
a mão quer escrever,
mas a caneta não funciona.


Há várias diferenças entre os mundos físico e das ideias que nos deixam em desalinho.



(Júnior Vilas Bôas)

22 de janeiro de 2013

(Des)Informação




É interessante a relação do povo com os programas de entretenimento da tevê. O que no futebol seria uma linha tênue entre o amor e o ódio, a relação entre, por exemplo, o BBB com o público, é algo de carência/dependência exagerada.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que não estou aqui para me posicionar à favor ou contra o programa. Citei o Big Brother como exemplo porque é o principal programa de Reality Show exibido no Brasil, e esse formato de programas é o que está em questão. Uso BBB especificamente, mas pode se estender a todos.

A população carece de oportunidades, opções, acesso à cultura/informação/lazer, reclamam todos. A indignação também é vista quando o assunto é a programação da tevê aberta. Mas expliquem-me algo: qual a sensação de criticar os programas de entretenimento aos quatro ventos, nas redes sociais (principal foco)? O que essas pessoas esperam desse tipo de programa? Que os participantes discutissem as questões existenciais que afligem a humanidade? Não, né! Como já foi dito, o BBB é um programa de entretenimento, não é dele essa função. Quer cultura, informação? mude de canal! É simples! O que não faz sentido é um bando de pessoas sentindo prazer em assisti-lo apenas para criticá-lo logo após. Outro ponto, não é o fato de assistir que o tornará um ignorante, como também, não é deixando de assistir que fará de você uma pessoa culta. Este caminho é um pouco mais longo...

Os Reality show's são programas de sucesso em vários países, e fundamentam-se em algo interessante: pôr em choque às personalidades de cada um. Programas assim são máquinas de fazer dinheiro, ou seja, obtém sucesso naquilo que foram pré-determinadas, em seus devidos ramos televisivos. Bem provável que houveram diversas pesquisas, planos de marketing e várias outras coisas que serviram como base para a criação do mesmo. Então, não é porque você acha que criticando o programa estará se tornando superior. Não há nada de errado com o mesmo, logo, você assistindo-o com a intenção de criticá-lo depois, ou simplesmente por gostar, estará fazendo dele um sucesso. Portanto, lembra da pesquisa que foi mencionada anteriormente? Pois é, você está inserido.

Volto a dizer, não há nada de errado com o programa, ele faz o que se propôs a fazer. O problema está nas pessoas, elas tornam os BBB's da vida um sucesso. Muitos vão dizer: "Ah, mas a grande massa não tem informação/educação, assistem qualquer coisa", "não tem senso crítico". Sei disso, mas duvido muito que seja a grande massa a ir nas redes sociais falar mal desses programas. Obs: A questão do nível de informação da população é uma outra questão, para outra postagem, quem sabe!

Portanto, busquem o lado bom das coisas, mas façam em algo que as façam bem. Não procurem apenas os defeitos, eles são visíveis, e fáceis de serem encontrados.



(Júnior Vilas Bôas)

19 de janeiro de 2013

Do ofício.




Escrevo sem querer, apenas por não encontrar uma maneira de falar. As palavras se fazem refém dentro de mim, e eu me faço refém do que elas significam. Refém do peso que elas carregam, povoando minha mente, sufocando-me. A prisão é a folha em branco, é nela que despejo todos os verbetes condenados por mim. Qualquer palavra que caracterize o sentimento, é julgada e, quase sempre, sentenciada com culpa. Logo, cumprirá sua pena, figurando no papel.

Mas como é possível escrever apenas pela vontade de "esvaziar a chaminé"?, assim como desenvolvido por Dr. Breuer e Freud, seja na ficção (Quando Nietzsche Chorou), ou não. No fundo, o que nos trouxe até aqui foi a vontade de alcançar os olhos daqueles que desejamos chegar aos ouvidos. O que é escrito tem de ser lido, da mesma forma, o que tem para ser falado, também deve ser ouvido.

(*)

Uma pequena pausa, superar uma barreira: caneta falhando! seria uma boa analogia, se não fosse verdade. Pronto! Substituída.

(*)

Qual deve ser a diferença entre não ser lido, e não conseguir falar o que pensa? Em qual ponto as duas coisas se cruzam? Que dor elas compartilham? Será que depois de lido, e encontrando a chance de falar, saberemos a resposta? Separados por uma linha tênue de coincidências, unidos por um caminhão de dúvidas.

Acredito que aquele que escreve, o faz, decerto, pela emoção de imaginar que seus rabiscos estão sendo lidos por quem realmente queremos. É com esse propósito que deve fundamentar-se o simples ofício, daquele que, entalado pela vida, encontra na junção da folha em branco com a caneta, seus aliados.

A tecnologia espanta, aproxima, afasta, ajuda...
...são várias opiniões, sabemos disso. Ok! falaremos disso em outra postagem. Entretanto, nada substituirá o prazer em rabiscar uma folha, acredito eu. Depois de escrito, a digitação, é, lembro-me do tempo das máquinas datilográficas, ainda no colégio: dedos rápidos nas teclas, olhos atentos nos papéis. E uma dúvida pairava no ar: "como que ela não enfia os dedos nos espaços vazios do teclado?" Caraca, ela é demais! rs Era isso que eu pensava à respeito da secretária do colégio, isso nos anos 90. Faz um tempo, fez-se o tempo...

Até onde estaria disposto a chegar, caso tivesse a oportunidade de falar tudo que penso/sinto, provavelmente, não saberia dizer. Da mesma maneira que não sei onde minha imaginação me leva a partir do momento que começo a escrever. É a simetria das asas da borboleta, completando-se, e seguindo num voar rítmico, esperando o local de pousar.


(Júnior Vilas Bôas)





PS: Fica a dica do Livro: Quando Nietzsche Chorou. Boa leitura!

10 de janeiro de 2013

O romper dos tempos.




Pronto, podemos comemorar, os Maias erraram na sua profecia. Mais um ano se inicia, e o erro, mais uma vez, ficou nas mãos de quem disseminou a ideia apocalíptica do fim dos tempos.

Como de costume, a cada romper da linha de tempo, chamada de "ano", ouvimos aquela velha história das mudanças de vida, novas metas, desejos, sonhos e por aí vai. Não sei, pode ser que muitas dessas vontades não consigam se realizar justamente por não levarmos tudo isso à sério, doze meses seguindo à risca, tudo que foi mentalizado naquele instante que dura a queima de fogos. É difícil dizer, mas duvido muito que seja por isso. "Tudo muda ao teu redor", já diziam. Por que não mudar as metas e objetivos no decorrer do ano? Por que ser tão pessimista em pensar que, na distância em que se separa o dia 1º de Janeiro ao último de Dezembro, iremos considerar os mesmo objetivos como os principais?

A mudança de ano tem seu valor, é claro!, nada de ritual, superstições ou mandingas, apenas a intenção. Sim, a vontade de estar num bom lugar, rodeado de pessoas bacanas e de preferência em contato com a Natureza. Gaia, a Mãe-Terra, sim, ela sente a necessidade da nossa presença com esse espírito. Buscar o contato tendo em mente o dever de cuidá-la no prosseguir dos anos. Lá fazemos uma espécie de pacto, objetivando cada vez mais seguir seus ensinamentos, buscando a paz e o equilíbrio, mesmo diante de todas as turbulências, combatendo a entropia do sistema, tentaremos sempre, assim como a Natureza o faz, buscar o equilíbrio sempre.

No final, o diferencial será a energia que carregaremos desses lugares, e como transmitiremos no decorrer dos dias e em tudo que começamos a fazer. São metas, são vontades, é simbólico, é o pé direito...é apenas a vontade de iniciar tudo com um pensamento positivo.

Muita Luz em 2013!



Júnior Vilas Bôas