31 de agosto de 2011

É tarde, já saltei, apanha-me!



Àquela distância, tudo ficou fora de órbita, o tempo pareceu ter parado. Tudo estava suspenso, nada se movia, as pessoas ao redor sumiram, pediram licença para deixá-los à sós. Seria injustiça dividir aquele momento com os outros, nada de espectadores, apenas os protagonistas da cena, os "suspeitos de um crime perfeito".

Para que servem tantos sentidos? Já que nem sempre eles fazem tanto sentido. Lógico, não venho aqui afirmar que não necessitamos de todos. Porém, seriam muito bom controlá-los. Quem sabe, chegar a usá-los um de cada vez, assim, separadamente, controlando a cena e experimentando um de cada vez. Primeiro a visão, enxergar cada detalhe, ver além dos olhos. Uma pausa, retroceder a cena, pronto. Sai a visão, entra o olfato. Sentir todos os perfumes que a envolve, e escolher para cada sensação o seu devido cheiro. A audição deveria ser interna, ouvir o pulsar da vida, batendo forte dentro do peito, a adrenalina, pobre menina,  a correr pela veia. A comunicação entre os sistemas nervosos, seria feita aos gritos, como uma ordem dada pelo técnico à beira do gramado. Quanto aos outros sentidos, não me atrevo, palavras me faltam, o contato, volto-me ao início do texto: "àquela distância".

Ínfima distância, a depender da ótica, há de ser um abismo, ou talvez, um "muro de Berlim", há de ser logo ali, pode ser que necessite ultrapassar um labirinto, com idas e vindas.




Hoje não tinha nuvens negras, era mais uma vez um dia ensolarado. A conversa fluía, diferente de dias atrás, quando nem cinco palavras foram trocadas, apenas alguns olhares. Dessa vez, os espectadores não pediram licença, entraram em cena e fizeram parte do filme.

Muito se pensa, buscam-se fórmulas prontas, mas ainda assim, tenho quase certeza do momento conturbado que será. Imagina-se aquela cena de novela das 20 hrs, é meu caro, será uma cena de filme dramático. E que mal tem nisso? Nenhum! Só não será baseado em fatos reais, claro!, não existem fórmulas prontas. Entretanto, retrata a vida real.

Será a força que impulsiona o Universo, mantendo-o em expansão, ao ponto de um reverso Big Bang, tornando tudo calmo, sereno. Fechando o ciclo, nos limites do Ouroboros, iniciado a cada dia, e explodindo todas as noites, quiçá, por muito tempo.


(Júnior Vilas Bôas)


25 de agosto de 2011

"...os artifícios da arte são tantos..."

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Insatisfeito com o presente momento, sem previsão de melhoras, e notícias que o agradam, assim segue o Cavaleiro sem espada. Lutando contra seu oponente com os artifícios que lhe são apresentados, por mais inofensivos que pareçam ser.

Sabendo de sua incapacidade perante o fato, não podendo combater a situação que o machuca profundamente, o Cavaleiro não se abate, segue esperançoso. Mas como pode, num momento como esse, se entregar à emoção? Tornar-se refém do fado, e apegar-se simplesmente, a fé?

Ao menos, se o oponente estivesse no pelotão da frente, e não se escondendo atrás de um batalhão. Batalhão esse que não permite um ataque contundente, impensado, à flor da pele. A peleja continua na estratégia, na solidão de um quartel, mergulhado em pensamentos, sofrendo com a dor do querer.

Não obstante toda essa dificuldade, ainda encontra artifícios na arte para relatar o desejo. Mentes na arte, porém, na vida real, torna-se cada vez mais difícil calar o desejo que anseia em gritar aos ventos. O Cavaleiro caminha de lado, garboso, mas não por vontade, não por acreditar que a dor o torne mais elegante, ele apenas não escolheu essa situação. Foi acometido por tal!

Esperança: quem abriu e a deixou sair da caixa de Pandora? Quem o fez, não sabe do perigo que pôs no mundo. Muitos a ela se apegam, encontrando razão em situações desfavoráveis, beirando o inexplicável, ainda assim, buscando respostas que tardam em aparecer.


Em inícios de parágrafos, podem dizer mais que apenas frases juntas!


(Júnior Vilas Bôas)

16 de agosto de 2011

Na iminência do desejo.

"Humana sina - Quem pensa mais profundamente sabe que está sempre errado, não importa como proceda e julgue."

(Humano, Demasiado humano.)
 - Friedrich Nietzsche -




As alternativas de fuga vão diminuindo cada vez mais, como se todos os portões fossem sendo trancados um a um. Há muito tempo visível, acredito eu, só quem não quis que não enxergou. Mas só agora, o grande Cavaleiro sem espada (lembram dele?), encontrou mais um artifício para pelejar contra a vontade que se torna imensurável.

E quando todos afirmam que não se pode esperar tanto, que é preciso lutar pelo que se quer, algo ainda o diz que o mais correto é esperar, mesmo sabendo que o tempo sem grandes tempestades, insistindo nas brisas e 'minuanos', maltrate a alma, não o permitindo sonhar.

Será que encontraria explicação na física? Em meio às fórmulas de "Potência" e de "Força", absorto em pensamentos, uma cena, um sorriso, uma vontade, um beijo...

...uma dor na consciência.


Uma cena típica de final de Grande Guerra, com direito a lágrimas no final, em silêncio, cabeça baixa, coração na mão, assim como em um bolero, dizia Gessinger, assim como sua Ana. Porém, não se sabe o final desta cena, pensamento interrompido, assim como fazem os juízes esportivos, jogando-se à frente da bola segurando-a encerrando a partida. Opa! Apenas fim do primeiro tempo.


(Júnior Vilas Bôas)

2 de agosto de 2011

"Sin Cera"



Há um sentimento de culpa pairando no ar. É como se ferisse o código de honra entre os homens. Mas não adianta negar, a vontade de abrir o bico é muito grande. Entretanto, não se tem a certeza de que causará efeito, pois, pode não ser nenhuma novidade.

Seria um constrangimento enorme passar por isso. Ser obrigado a fazer, justamente, algo que não te agrada, apenas por ser refém do fado. É, mas, "nada de meias palavras, de duplo sentido", prefiro deixar como estar. Esse não é meu dever, nem chega a ser uma necessidade. Não valeria a pena ser desta forma.

Se Newton adivinhasse no que levaria essa tal de "inércia", teria guardado para si seu conceito. Não se tem como esperar tanto, contentando-se com tão pouco, correndo por ruas e vielas, sem jamais se encontrar. Óh, Roma cruel, quantos filhos teus já maltratastes? No anagrama de teu nome, invade, domina, subjuga, conquista e expande.

Então, pergunta-se: Até quando? Chega a contrariar o grande filósofo holandês Spinoza, por pensar que é apenas mais um "fantoche". Com certeza a culpa não é Dele, não entraremos no mérito, há razão demais por aqui para simplesmente conferirmos tais poderes.

Sua volta é sempre com energia renovada, sempre foi. Quer dizer, houve apenas uma vez. Que logo foi contornada. Vamos esperar a próxima, nunca é demais! Apenas torcendo, claro! Sem se envolver, observando por cima do muro, esperando uma certa explosão, que espalhe a matéria que impulsiona o nascimento da luz.


(Júnior Vilas Bôas)