No equinócio de primavera de 2002, um homem, quer dizer, um grande homem deixou de comemorar as suas primaveras. Já são oito anos sem sua presença, fisicamente, apenas restou a memória e a saudade. Na lembrança ficou o brilho do teu sorriso a confundir-se com o brilho do sol refletindo na água do rio. Ficou o carinho na hora de dormir, as brincadeiras, e dentre todas, o maior presente deixado por ti, a paixão pelo Flamengo. E foi vendo o Mengão jogar, mas não jogar qualquer jogo, tinha que ser um da tua preferência, do teu gosto. Nada mais, nada menos que um FlaxFlu. Imagino quantos o Senhor já presenciou, mas nesse foste lembrado.
O resultado, apenas um empate, acho que ninguém queria tirar tua glória, pois aquele dia era teu. Foi assim que me lembrei de ti, assistindo um FlaxFlu emocionante, que remeteu-me a outro, em 1997, nos tempos em que se ouvia os jogos ao vivo no rádio, e assistia-o na tevê apenas o compacto horas depois. Aquele sim, ganhamos. Eu? ganhei muito mais. Além do prazer da vitória do Mengo, estava na presença, naquelas nossas saídas, às vezes até não queria estar ali, mas quase sempre me divertia. Lembro-me da rede balançando, gérson(canhotinha) narrando, e eu apenas comemorando inocentemente como qualquer criança.
Para onde fostes, é o que muitos se perguntam? O que vou fazer quando quiser te abraçar novamente? A resposta tá aqui, nesse sentimento puro, na maior riqueza que poderia ter me deixado. No amor pelo Flamengo, pois, foi a partir dele que depois de 7 anos de ausência(física), pude te abraçar novamente. Foi bem ali, na orla de Juazeiro, com o rio São Francisco de testemunha, que no dia 6 de dezembro de 2009, um domingo de Maraca lotado para assistir a última rodada do campeonato Brasileiro, que o Senhor me apareceu. Após o segundo gol do Mengo, apareceste em minha frente e me abraçando disse: Comemora filho, tu é campeão. Naquele momento chorei que nem um menino, não me arrependo. Faria tudo de novo. E foi o que aconteceu, quase que um ano depois, agora no FlaxFlu. Não resistir! Depois de passar o jogo todo sentindo tua presença, na volta para casa, fui acometido pela emoção, que me levou às lágrimas. O que posso pensar a respeito? Apenas que está aqui comigo, sempre!
Essa emoção, ah! com certeza passarei adiante algum dia. Não existe herança melhor para ter me deixado que o amor pelo Mengo. Obrigado Painho!!
"...minha paixão por ti, nunca se acabará!"
Júnior Vilas Bôas
