25 de novembro de 2012

A estrada




Qual o tamanho da estrada,
que atrasa o tempo, aumenta a espera 
e aperta o coração?


Por qual caminho percorre este sonho
que insiste em tardar?
Anda sozinho este caminho,
sem atalhos ou desvios,
sem esquinas ou becos,
trilhando sozinho seu rumo.


Não se sabe onde
a estrada começa, por onde percorre e,
até o comprimento da sua distância,
porém,
é sabido onde ela leva e finda.



(Júnior Vilas Bôas)

8 de novembro de 2012

Troquei o livro, a história é a mesma.


Percebe-se mudanças na forma de agir, consequência da nova forma de tratamento que passou a receber. Comum isso, não? Pois bem, nada de novidade, apenas o esperado. Mudança! se tudo passa...é, quem sabe seja mesmo verdade. A dor não existe mais, foi excretada junto ao suor da maratona percorrida em busca do objetivo, não alcançado, em vão talvez. Nunca é, mas...

Mudei de livro, mas a história é a mesma. É o que me parece, é o que me é apresentado até então. É quase um material coloidal, em suspensão, em choque de partículas. Pessoas arredias, ariscas como animais selvagens na hora da fuga. Tipo água escorrendo por entre os dedos, difícil de segurar. Espera-se a hora certa, tendo a certeza de que a mesma nunca existe. Caso aconteça e acabe dando certo, sempre será a hora certa, porém, caso contrário, será julgada como o momento errado, inadequado, para ter sido realizado tal feito. Parece complicado, mas é mais fácil pôr a culpa no destino ou coisas do tipo.

O novo livro tem capítulos semelhantes aos de outrora. A leitura é a mesma, entretanto, o entendimento já é outro. Ir ao mesmo lugar e não buscar novos horizontes não faz sentido. É o mesmo que envelhecer saltando etapas, abreviando a vida. O momento é triste como um poeta escrevendo uma poesia alegre. É confuso no instante em que se apresenta e, lúcido, como água, na escuridão do quarto. Na maioria das vezes, o tempo é curto, nunca o bastante para satisfazê-lo. Sempre em descompasso, os relógios não marcam a mesma hora, nem tem o mesmo fuso. Seria preciso expelir mil verbetes por segundo para, só assim, ser capaz de começar a dizer o que tem interesse realmente. Aquilo que se guarda no interior de um baú em carne e osso, e revela-se em partes pelo olhar. Quem sabe assim, ganharia alguns minutos de atenção plena.

Parece difícil, compreendo. Mas quem disse que seria fácil? E se fácil fosse, teria o mesmo sentido?

sentido
sentindo
sem ter tido
sem ter
sem tê-lo dito.



PS: Fim do texto por motivos de força maior.


(Júnior Vilas Bôas)